Vírus é uma partícula, basicamente protéica que pode infectar organismos vivos. Vírus são parasitas intracelulares obrigatórios e isto significa que eles reproduzem-se somente pela invasão e possessão do controle da maquinaria de auto-reprodução celular...

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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A "Gripe de 1918"

A "Gripe de 1918", também conhecida como "Gripe Espanhola", é apontada como a mais devastadora de todos os
tempos. Historiadores estimam que o vírus matou entre 20 milhões e 100 milhões de pessoas em diversos países do
mundo.

"Acabou tão misteriosamente como surgiu. E quando tudo estava terminado, a humanidade havia sido abalada por uma
doença que em poucos meses tinha matado mais gente do que qualquer outra enfermidade na história do mundo", afirma
a americana Gina Kolata, repórter especializada em ciências do New York Times e autora do livro "Gripe: A História da
Pandemia de 1918" (Record, 2002).

No livro, a repórter americana conta a história da mortífera "Gripe de 1918", investiga sua origem e revela os erros e
acertos dos homens que tentaram combatê-la.

Leia abaixo trecho de introdução do primeiro capítulo do livro.

Atenção: o texto reproduzido abaixo mantém a ortografia original do livro e não está atualizado de acordo com as regras
do Novo Acordo Ortográfico. Conheça o livro "Escrevendo pela Nova Ortografia".

Logo a praga estava por toda parte. E ninguém estava a salvo. A doença afetou os jovens e saudáveis. Um dia você
estava muito bem, forte e invulnerável. Podia estar ocupado, trabalhando em seu escritório. Ou talvez estivesse
tricotando um cachecol para as tropas de bravos soldados que lutavam na guerra para acabar com todas as guerras.
Ou talvez você fosse um soldado recebendo treinamento básico, pela primeira vez longe de casa e da família.

Você começava sentindo uma forte dor de cabeça. Seus olhos começavam a arder. Vinham os calafrios e você ia para a
cama, enrolado em cobertores. Mas não havia nem manta nem cobertor que conseguisse aquecê-lo. Você adormecia
sem repousar, delirando e tendo pesadelos à medida que a febre aumentava. E quando você começava a despertar,
entrando num estado de semiconsciência, seus músculos doíam e sua cabeça latejava e, de alguma maneira, ficava
sabendo aos poucos que, embora seu corpo gritasse debilmente "não", você caminhava para a morte. Isso podia durar
alguns dias, ou algumas horas, mas nada podia deter o progresso da doença. Médicos e enfermeiras aprenderam a
reconhecer os sinais. Seu rosto assumia um tom castanho arroxeado escuro. Você começava a tossir sangue. Seus
pés ficavam pretos. Por último, quando o fim já estava próximo, você sentia uma terrível falta de ar. Uma saliva tingida
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de sangue saía de sua boca. Você morria --afogado, na verdade-- à medida que seus pulmões enchiam-se de um líquido
avermelhado.

E quando fosse fazer a autópsia, o médico observaria que seus pulmões estavam pesados e encharcados em seu peito,
saturados de um líquido sanguinolento ralo, inútil, como pequenos pedaços de fígado.

A praga de 1918 foi chamada de gripe, mas não era como nenhuma outra gripe já vista. Parecia mais a concentração de
alguma profecia bíblica, algo como o Apocalipse, que dizia que o mundo seria primeiro assolado pela guerra, depois pela
fome e, em seguida, com o rompimento do quarto selo do rolo de pergaminho prevendo o futuro, o aparecimento de um
cavalo, "amarelo-pálido; o que estava montado nele tinha por nome Morte e seguia-o o Inferno".

A praga irrompeu em setembro daquele ano e, ao terminar, meio milhão de americanos haviam morrido. A doença
espalhou-se às partes mais remotas do globo. Alguns povoados esquimós foram dizimados, praticamente eliminados da
face da terra. Vinte por cento dos habitantes da Samoa Ocidental pereceram. E onde quer que atacasse, o vírus
infectava um grupo normalmente de pequeno risco - jovens adultos que em geral são poupados da devastação das
doenças infecciosas. As curvas de mortalidade tinham a forma de "W", com picos para os bebês e crianças com menos
de 5 anos, para os mais velhos na faixa de 70 a 74 anos e para pessoas de 20 a 40 anos de idade.

Crianças tornavam-se órfãs, famílias eram destruídas. Alguns sobreviventes diziam ter sido algo tão horrível que não queriam
sequer falar no assunto. Outros tentavam interpretá-la como mais um pesadelo da guerra, assim como a luta nas
trincheiras e o gás mostarda. Ela veio quando o mundo estava cansado da guerra. Varreu o globo em meses e, junto
com a guerra, se foi. Acabou tão misteriosamente como surgiu. E quando tudo estava terminado, a humanidade havia
sido abalada por uma doença que em poucos meses tinha matado mais gente do que qualquer outra enfermidade na
história do mundo.

Quando pensamos em pragas, imaginamos terríveis e estranhas doenças. Aids. Ebola. Esporos de Antraz. E,
naturalmente, a Peste Negra. Preocupamo-nos com sintomas horripilantes --pústulas ou golfadas de sangue saindo por
todos os orifícios. Ou homens jovens, que tinham o físico de deuses olímpicos, reduzidos a figuras esqueléticas,
cambaleando pelas ruas com seus membros raquíticos, apoiando-se em bengalas, tiritando de frio. Hoje nossa
preocupação é a guerra biológica - um novo vírus feito de uma combinação de varíola e antraz ou varíola e Ebola. Ou nos
preocupamos com a possibilidade de uma nova doença terrível estar sendo incubada em algum lugar, em uma região
quente, e estar sendo preparada, com a destruição de antigas florestas, para de repente surgir e matar a todos nós.

Mas a gripe jamais figura na lista das pragas letais. Ela parece ser inócua. Aparece no inverno e todos a contraem mais
cedo ou mais tarde. Uma vez que alguém adoece, não existe um tratamento eficiente, mas isso não importa.
Praticamente todo mundo fica bem novamente, muito poucos não se recuperam. Trata-se apenas de uma doença
inconveniente, que inflige, em geral, cerca de uma semana de sofrimento. Não se supõe que gripe seja uma doença letal,
pelo menos para adultos jovens, que têm poucas razões para temer a morte e as enfermidades. O próprio nome em
inglês e em italiano, influenza, insinua sua característica de aparecer periodicamente a cada inverno. Influenza é uma
palavra italiana que, sendo uma hipótese, foi cunhada pelas vítimas da doença na Itália em meados do século XVIII.
Influenza di freddo significa "influência do frio".

A gripe parece ser entretanto inevitável. Ela se dissemina pelo ar e pouco pode ser feito para evitar que sejamos
infectados. "Eu sei como contrair Aids", diz Alfred W. Crosby, um historiador da gripe de 1918. "E não sei como pegar
gripe."

E talvez porque a gripe seja tão familiar, o terror que provocou em 1918 foi muito assustador. É como uma história macabra
de ficção científica em que o que é comum torna-se monstruoso. Quando a doença foi observada pela primeira vez, os
médicos relutaram mesmo em chamá-la de gripe. Parecia ser uma nova doença, diziam eles. Alguns chamaram-na de
broncopneumonia, outros de infecção respiratória epidêmica. Alguns médicos sugeriram que poderia ser cólera ou tifo, ou
talvez dengue ou botulismo. Outros diziam ainda que era simplesmente uma doença pandêmica não-identificada. Os que
usavam o termo "gripe" insistiam em colocá-lo entre aspas.

Uma forma de se contar a história da gripe de 1918 é através de fatos e imagens, uma coleção de dados de impacto é
entorpecedor e de magnitude quase inconcebível. Quantos adoeceram? Mais de 25 por cento da população dos Estados
Unidos. O que se passou com os que prestavam serviço militar, aqueles rapazes jovens e saudáveis que foram os alvos
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favoritos do vírus? A Marinha informou que 40 por cento de seus membros contraíram a gripe em 1918. O Exército
estimava que cerca de 36 por cento de seus membros foram atacados. Quantos morreram no mundo todo? As
estimativas vão de 20 a mais de 100 milhões, mas o número verdadeiro jamais poderá ser conhecido. Muitos lugares
atacados pela gripe não apresentam estatísticas de mortalidade e, mesmo em países como os Estados Unidos, os
esforços para registrar as mortes pela gripe foram complicados pelo fato de naquela época não haver um exame
definitivo que realmente mostrasse que uma pessoa tinha a gripe.

E além disso a baixa estimativa do número de óbitos é surpreendente. Em comparação, a Aids matou 11,7 milhões de
pessoas em 1997. A Primeira Guerra Mundial foi responsável por 9,2 milhões de mortes em combate e por um total de
cerca de 15 milhões de mortes. A Segunda Guerra por 15,9 mortes em combate. O historiador Crosby chama a atenção
para o fato de que, qualquer que seja o número exato de baixas ocasionadas pela gripe de 1918, uma coisa é
indiscutível: o vírus "matou mais seres humanos do que qualquer outra doença num período de mesma duração na história
mundial".

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